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Investigação criminal: o papel do engenheiro

Surgida para desvendar um crime ocorrido em 1850, a química forense tem ganhado muito destaque ao longo dos anos. É um ramo da química que usa de conhecimentos de diversas áreas, como toxicologia, combinando ciências científicas e humanísticas, a fim de auxiliar em investigações criminais. Para isso, utilizam-se métodos de perícia e análises para identificar a natureza de cada prova em uma cena de crime, como veremos a seguir.

Quais são as técnicas e análises mais utilizadas?

  • A mais conhecida é a identificação de sangue com uso de uma substância denominada Luminol.



Fonte: Tecinvestigativa

Primeiramente, o que é Luminol?

Consiste em um pó de fórmula molecular C8H7N3O2.

Ok, mas como funciona? Como é diluído em água oxigenada, essa solução, quando borrifada em um local que haja a presença de átomos de Ferro (como a hemoglobina presente no sangue), ela reage produzindo uma cor azul luminosa que pode ser vista no escuro. É mais comummente utilizado com luz ultravioleta, pois facilita a visualização, uma vez que intensifica a luminosidade da solução.

Lembrando que esta análise consiste apenas na confirmação de presença ou não de sangue, ainda é necessário que outros testes sejam feitos.

  • Para identificar como foi a ocorrência de um disparo e o possível autor, é feita a Balística Forense.



Fonte: Minuto Biomedicina

Este método divide-se em balística interna, que estuda os fenômenos internos na arma de fogo até o momento do disparo e a balística externa, que consiste em analisar a trajetória do tiro até chegar ao alvo.

Além disso, há a balística de efeitos ou médico-legal, em que o especialista analisa os efeitos do projétil ao atingir o corpo humano, determinando, por exemplo, direção do tiro, ferida de saída ou entrada, estimativa de distância e intervalo post mortem.

Assim, é possível identificar o atirador, a natureza do crime, suicidio ou homicídio, distância do tiro e entre outros.


  • A técnica de cromatografia é utilizada para analisar o teor de determinada substância em uma amostra.



Fonte: News Medical

Esta consiste na separação de substâncias pela migração de diferentes componentes que interagem com uma fase estacionária ou móvel. A primeira é fixa, sendo um material poroso, sólido ou líquido. A fase móvel é gasosa, líquida ou um fluido.

Assim, existem três tipos dentre os mais usados: a Cromatografia em Camada Delgada, a Cromatografia Líquida e a Cromatografia em fase gasosa acoplada à Espectroscopia de Massas.

  • Outro método bastante utilizado é a Espectrometria.



Fonte: News Medical

Esta técnica pode ser utilizada especialmente na identificação do composto de drogas ou outras substâncias tóxicas. Na espectrometria de massa, a amostra é analisada para determinar sua composição molecular, uma vez que um espectro de massas de cada elemento é obtido.

Existem diversos segmentos dentro deste tipo de análise, que são usados de acordo com a necessidade do perito. Através da Espectrometria líquida da Cromatografia-Massa, por exemplo, um analista pode descobrir se uma substância ilícita foi ingerida e se foi intencional ou não.

  • A Datiloscopia Criminal ou Papiloscopia. Ou seja, identificação por impressão digital.



Fonte: fmpericias

Esta análise consiste em buscar possíveis marcas deixadas em cenas de crime. Pode ser feita com uma marca visível de impressão digital ou com impressão papilar latente, para as marcas que não são vistas a olho nu.

Nestas, diversos métodos podem ser empregados para visualizá-las, mais especificamente, a de pó branco ou preto. Assim, um pó fino, geralmente depende da cor da superfície a ser analisada, é escolhido pelo perito e este adere a camada de gordura presente na amostra, mostrando a impressão digital.

  • Por fim, uma técnica muito importante é o Exame de DNA.

Este método é utilizado para identificar a presença de determinado indivíduo na cena do crime. Os suspeitos podem ser identificados através de fluidos, como sangue ou saliva, deixados no local, pequenos fragmentos de pele, fios de cabelos e entre outros.

Como esta análise é feita?

O perito coleta as amostras e realiza uma análise mais aprofundada baseada no padrão do código genético. Em seguida, há a etapa de comparação com uma amostra pré existente ou coletada do indivíduo para, assim, identificá-lo como presente ou não na cena.

Como determinar qual a técnica ideal para cada tipo de amostra?

Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para obter os resultados desejados. Dessa forma, além de conhecer bem os aparelhos de precisão, o perito precisa ter um amplo conhecimento teórico.

Mas, qual o papel do Engenheiro Químico? A gente te conta!

Existem dois tipos de peritos, os de laboratório e os de campo. A diferença entre eles é que o perito de campo não precisa ter formação na área da Química. O trabalho do engenheiro vai focar na identificação de cada prova encontrada na cena do crime. Estas podem ser encontradas manchas, impressões, armas, peças de roupa, pelos, cabelos, documentos, venenos etc. Cabe a ele a escolha do tipo de análise, considerando a amostra, além dos materiais que serão utilizados.

E, aí? Se interessou pela área e quer trabalhar com isso?

Durante a SAEQA você pode explorar diversas áreas de atuação, conversando diretamente com profissionais formados. Esse ano trouxemos um minicurso especializado em Químico Forense que contou com a presença de um perita! Qual o seu próximo destino? Participe da SAEQA 2022 e explore um universo de possibilidades!



Texto escrito por Gabrielly de Araujo.

Referências

VARGAS, G. A UTILIZAÇÃO DA QUÍMICA FORENSE NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL.

MIRANDA, Levi Inimá. Balística Forense – do Criminalista ao Legista. Ed. Rubio, 2014

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